Step Sequencer


Os sequenciadores de passos permitem criar melodias, ritmos e sons exóticos por meio da programação de sequências

Os Step Sequencers – ou sequenciadores de passos – presentes nos primeiros sintetizadores deram origem aos arpejadores automáticos dos teclados modernos e uma variada gama de softwares musicais. Esse recurso, normalmente, é utilizado em linhas de baixo e bateria eletrônica, entretanto existem muitas possibilidades não convencionais para seu uso. Uma delas é a utilização do sequenciador para modificar sinais provindos de diferentes módulos de síntese. É possível, por exemplo, obter sons que têm seu conteúdo harmônico alterado de acordo com o comportamento da sequência registrada pelo compositor.

No início da década de 1960, compositores realizaram experimentos de música eletrônica gravando o som gerado  por osciladores em fita magnética. Na época, cada altura era gravada e, depois, a fita era cortada e colada em outra  parte, ordenando as alturas de acordo com a necessidade do músico. Desse modo foram feitas muitas das primeiras composições eletrônicas.

Em 1963, Don Buchla inventou para o San Francisco Tape Center um instrumento para música eletrônica chamado Analog Sequencer (sequenciador analógico). Com o uso desse sistema, os compositores não precisavam mais gravar as alturas fixas em fitas magnéticas porque o instrumento de alturas eletronicamente. Assim, com o uso do  sequenciador, foi possível gravar, em fita, melodias completas geradas por osciladores. Alguns anos depois, os sequenciadores analógicos já eram vendidos como parte dos sintetizadores modulares Moog, ARP, E-mu, Polyfusion
e Buchla. Morton Subotnick foi um dos compositores pioneiros a utilizar os sequenciadores analógicos Buchla.

 

Desenvolvimento
Os sequenciadores atuais dispõe das facilidades do sistema MIDI. Mas, nos anos 1960, esse sistema digital ainda não tinha sido criado: os sequenciadores analógicos enviavam controles de voltagem para mudar a altura gerada pelos osciladores e sinais de disparo para ADSRs. A memória dos sequenciadores era constituída por linhas de potenciômetros que eram regulados para alterar a altura de uma nota no sintetizador.

Os sequenciadores de passos, em geral, possuem três linhas de potenciômetros que possibilitam gerar uma  sequência de alturas com ajuste de tempo para cada nota. Um sequenciador analógico pode dispor de um número limitado de notas, denominadas de passos. O sintetizador Moog IIIp, por exemplo, possui uma seção chamada Moog Sequential Controller 960 formada por dois sequenciadores Moog 960. Cada sequenciador possui três linhas, cada
uma com oito potenciômetros, podendo gerar até 24 passos.

O módulo sequenciador vintage SQ-10, da Korg, também possui três linhas e 12 passos. O andamento do  sequenciador  era controlado por um relógio chamado oscilador de baixa frequência. Assim, os compositores regulavam o sequenciador para criar séries de alturas, ritmos regulares, irregulares e sincopados e, até mesmo, alterações no timbre. Tudo dependia de qual módulo de síntese era comandado pelos controles de voltagem enviados pelo sequenciador analógico.

Em 2015, a Korg lançou um sequenciador portátil inspirado no SQ-10, chamado SQ-1, que possui uma série de funcionalidades. Existem dois canais independentes de sequenciamento (A e B) cada um com oito botões. Esses canais podem rodar alternadamente, avançar ou voltar em paralelo, compor 16 passos e trabalhar no modo aleatório, entre outras possibilidades. O instrumento permite configurar a  saída de voltagem nas opções 1V, 2V, 5V V/Oitava ou 8V Hz/V para controlar diferentes equipamentos. O sequenciador trabalha com conversão MIDI para controle
de voltagem. Desse modo, existe a possibilidade de enviar notas MIDI da DAW para a entrada USB que converterá a entrada MIDI para dados de controle de voltagem para enviar a um sintetizador analógico. O equipamento permite conectar e endereçar independentemente dois instrumentos ou dois osciladores de um sintetizador.

https://www.youtube.com/watch?v=9TluIQWFs6k

 

Utilização
Na década de 1970, os sequenciadores  começaram a ser utilizados para produzir padrões rítmicos e melódicos  repetitivos. Essa técnica, dependendo da intenção do compositor, gerava um ritmo “mecânico” por causa da exatidão dos tempos executados eletronicamente. A repetição incessante de padrões previamente programados tornou-se um prato cheio para compositores que adotavam técnicas provindas da vertente minimalista. Alguns grupos de música eletrônica pop, como Kraftwerk e Tangerine Dream, utilizaram os sequenciadores como base rítmica para grande parte de suas músicas.

 

O sistema Synthi 100, de grandes dimensões, foi criado por Peter Zinovieff e David Cockerell, da SEM, em 1971. Fazia parte do sistema o primeiro sequenciador digital. Logo outras empresas, como a E-mu, desenvolveram modelos digitais. A era pré-MIDI dos sequenciadores chegou ao auge com o sistema Buchla 400, que disponibilizava funções avançadas de edição musical e visualização das informações.

roland12.lNo entanto o sequenciador pré-MIDI  polifônico mais popular foi o Roland MC-8 MicroComposer, lançado em 1977. Esse importante instrumento para a música eletrônica parecia mais com uma  calculadora em que as notas eram digitadas no teclado para serem armazenadas e enviadas, através de controles de voltagem, para comandar os sintetizadores analógicos.

Isao Tomita foi o primeiro músico eletrônico a utilizar o MC-8, no Japão, sequenciando versões eletrônicas para composições de Prokofiev, Sibelius e Willians no álbum The Bermuda Triangle. Alguns músicos eletrônicos famosos que utilizaram o MC-8 foram Steve Porcaro (tecladista e compositor da banda Toto) e Suzanne Ciane, que utilizou o recurso para compor seu álbum Digital Waves.

O sistema MIDI foi introduzido em 1983 e, no início de 1984, a Passport lançou no mercado o primeiro software
sequenciador chamado MIDI/4. A partir de então, os sequenciadores tornaram-se estúdios digitais com recursos e utilização diferentes do modelo analógico de passos. Os descendentes MIDI do Roland MC-8 proliferaram e vários modelos como o Roland MC-50mKII, Roland MC-80, Yamaha QX5FD, AKAI ASQ10 ainda são muito utilizados.

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