Cesar Camargo Mariano – Referência nacional


CCM_FlaviaCamargoMariano_600dpiDono de estilo único, que tem influenciado pianistas ao redor do mundo, Cesar Camargo Mariano é sinônimo de música de qualidade

Informação, ambiente e ouvidos atentos. Talvez essa seja a fórmula para a formação de um músico de qualidade. Falta apenas um ingrediente: talento. E esse, Cesar Camargo Mariano tem de sobra. Autodidata – ou detentor de um dom inigualável – começou a tocar piano no exato momento em que se sentou à frente de um. Seu estilo nato foi influenciado por grandes nomes da época, como Nat King Cole, Erroll Garner e Tommy Flanagan, e lapidado pelos músicos com quem teve contato em sua carreira profissional, iniciada aos dezesseis anos. Johnny Alf morou na casa de sua família por um bom tempo. O ambiente ali, inclusive, era completamente aberto à música.

Com os ingredientes certos, o paulistano Cesar tornou-se um dos principais músicos brasileiros, atuando em uma infinidade de projetos, desde o Quarteto Sabá – que na “A Baiúca” fortaleceu o movimento da bossa nova em São Paulo – passando pelo Sambalanço Trio até chegar ao Octeto Cesar Camargo Mariano, considerado um marco na fusão jazz-bossa. Formando ainda outros grupos, como o Som Três, acompanhou e dirigiu espetáculos de Claudete Soares, Marisa Gata Mansa, Wilson Simonal e Elizeth Cardoso até ser convidado por Elis Regina para dirigir, produzir e fazer os arranjos do álbum Elis, parceria que perdurou por anos e resultou, além de álbuns históricos, em dois filhos, os cantores Pedro Camargo Mariano e Maria Rita. Cesar especializou-se em música para publicidade, cinema e teatro, não se afastando do cenário artístico. Ao lado do violonista Helio Delmiro, gravou o icônico Samambaia. Com Wagner Tiso, registrou o álbum Todas as Teclas, primeira experiência somente com teclados eletrônicos, levada adiante com o espetáculo Prisma, realizado com Nelson Ayres. Daí para o trabalho na televisão, foi apenas um passo. Seja produzindo, arranjando, acompanhando ou compondo, Cesar mantém sua carreira mais que sólida, imprimindo um toque de classe a todos os projetos a que se dedica, de Leny Andrade e Leila Pinheiro a Sadao Watanabe e Ivete Sangalo, entre muitos outros.
Cesar Camargo Mariano nos recebeu em sua mais recente visita ao Brasil – está radicado em Nova York -, entre a apresentação no SESC Pinheiros e a última sessão de gravação do álbum que está produzindo com o quarteto formado por ele, Thiago Rabelo na bateria, Sidiel Vieira no baixo e Conrado Goys no violão.

Como é ser citado por dez entre dez pianistas como referência?
É um imenso prazer e uma surpresa. Sempre recebemos e-mails e contatos em concertos, há músicos que falam que gostam do trabalho. Isso é normal. Mas esse número é surpreendente Fico muito contente. Sinal de que valeu a pena. Ou melhor, está valendo a pena, pois estou vivo ainda e trabalhando (risos). Eu também tenho meus preferidos, meus ídolos. É preciso ter um parâmetro. Todos nós temos. Mas existe um risco nisso: o de você assimilar tanto o estilo de seu ídolo que acaba se esquecendo do seu. Isso é algo que se deve prestar muita atenção.

Há falta de originalidade na música brasileira hoje?
Há um lado criativo muito legal nos jovens brasileiros, especialmente na área rítmica: contrabaixo, bateria, violão base.  As informações são muito variadas e há muitos músicos profissionais que estão assimilando esse mix de gêneros, o que considero saudável. Na área de teclados, vejo menos isso. Tudo está padronizado. Mas eu não saberia dizer o porquê. Tanto na área pop, quanto no jazz ou mesmo no segmento autoral, usa-se muito pouco o piano. É algo que noto e fico triste. E isso em termos de timbres. Mesmo sintetizadores, de modo geral, usa-se pouco. E quando se faz, é de forma estranha, falta intimidade. Não está havendo atenção por parte dos músicos, principalmente no cuidado com a escolha de timbres. Falta um pouco de tino, de perder um pouquinho mais de tempo. “Ah, mas estou dentro do estúdio, não dá tempo…” Dá! Procura usar o coração, a alma naquilo que está fazendo. “Ah, estou fazendo mas não gosto do gênero”. Não tem importância! É preciso prestar atenção nisso independentemente do gênero, da música, do ritmo. É importante, é bonito e é da alma! Temos que ter essa sensibilidade, principalmente para acompanhar alguém. Acompanhar é uma arte bem à parte, é outro papo.

Assista a alguns momentos da entrevista de Cesar Camargo Mariano e leia a entrevista completa na revista digital gratuita Teclas & Afins (www.teclaseafins.com.br)

 

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