Yamaha Electric Grand


2d183312Famoso pela qualidade e pela estabilidade, o modelo era considerado o Rolls-Royce dos pianos eletroacústicos

No final da década de 1950, surgiram os pianos elétricos – em uma época de renovação na música pop – e vários artistas começaram a se interessar por esses instrumentos, os chamados pianos retrô, ou vintage, que se popularizaram nos anos 60 e 70 por serem as primeiras versões de pianos portáteis. Além de serem mais fáceis de transportar, eram também mais simples de amplificar nos grandes concertos de rock. Ao contrário de um sintetizador, o piano elétrico não é um instrumento eletrônico, mas eletroacústico. Os pianos elétricos produzem sons mecanicamente e os sons são transformados em sinais elétricos por captadores.

Os pianos eletroacústicos se subdividem, basicamente, em três categorias: pianos de Tines amplificados, como os Rhodes – em que as teclas acionam martelos de piano com ponta de borracha que atingem os tines ou bastões de  etal produzindo o tom; os pianos elétricos Wurlitzer – que produz o tom quando um martelo de piano em miniatura atinge uma palheta (lâmina) de metal; e finalmente, o Electric Grand ou piano de cauda elétrico, como os modelos CP-70 e CP-80 da Yamaha.

Os CP foram fabricados e comercializados  pela Yamaha durante as décadas de 1970 e 1980. A Kawai e a Helpinstill ambém produziram modelos de piano de cauda elétrico (electric grand), mas o CP-70 e o CP-80 da Yamaha foram os primeiros no mercado e ainda são usados por muitos artistas. Ao contrário de um piano eletromecânico, um Electric Grand utiliza martelos e cordas de pianos acústicos, ou seja, esses instrumentos amplificam o tom produzido por um  mecanismo essencialmente tradicional de piano acústico – martelos batendo cordas -, o que produzia um som muito mais rico em harmônicos e mais natural, mais “piano”.

cp80d-n2O CP-70, de 73 notas, e seu irmão maior, o CP-80, com 88 notas, eram relativamente portáteis pois podiam ser divididos em duas seções: o mecanismo com o teclado de madeira e os martelos, e o outro contendo as cordas reais fixadas em uma moldura de piano de cauda, do tipo harpa. Assim como um piano acústico, o som do CP-70/80 pode ser ouvido mesmo com a alimentação desligada, embora com muito menos volume do que um piano convencional. É óbvio que o uso de um mecanismo de piano tradicional resultava na necessidade de afinação e ajustes constantes, principalmente quando ia para a estrada.

Surpreendentemente, esse piano segurava muito bem a afinação quando ficava parado e não sofria muitas mudanças de temperatura e umidade. Por isso, no estúdio, era muito estável. O som era amplificado por um sistema de captação piezo (Piezoelectric) sob as cordas (como em uma guitarra elétrica), o que possibilitou um piano menor, mais leve e mais fácil de transportar. Esse método de amplificação via  aptadores  também ispensava os microfones necessários em um piano de cauda convencional, e, assim, era muito mais fácil configurar o CP em um sistema de som. Ficava fácil, também, conectar pedais de efeitos. Sendo assim, não é nada incomum ouvir o som do CP processado com efeitos como chorus, delay e compressor, entre outros. Como foi  concebido como um modelo para o palco, é coberto com uma capa de vinil preta (Tolex).

A construção, a engenharia e o som desse piano eram simplesmente incríveis. A sonoridade é muito original por conta de sua robustez. O instrumento produz um som rico e gordo, profundo, quente e, ao mesmo tempo, suave. É quase tão percussivo como muitos pianos de cauda, em particular a série C da própria Yamaha. As cordas das notas mais graves são mais curtas do que o normal, e a oitava mais baixa soa mais metálica do que em um piano acústico de cauda.

maxresdefaultAmbos os modelos – CP-70 e CP-80 – possuíam um equalizador de três bandas para modificação tonal, de  F/MF/HF e vinham com efeito de trêmolo embutido. Havia também um controle de volume principal. O CP80 tinha um interruptor de três vias para o “brilho”. Há também uma versão com recursos MIDI, o CP80M, mas este modelo é mais difícil de ser encontrado, pois teve poucas peças fabricadas.

Embora a fabricação dos modelos tenha sido interrompida quando a terceira geração de pianos digitais sampler – muito menores e mais leves – entraram no mercado, o CP ganhou status de instrumento original e não apenas uma alternativa portátil a um piano real para uso ao vivo. Ainda hoje, muitos artistas continuam usando o modelo em estúdio, em vez de – ou além de – pianos acústicos. Se no início foi utilizado por conveniência (pois ligar um cabo  é muito mais fácil do que microfonar um piano acústico), atualmente é utilizado exclusivamente pelo seu som único e encantador. (Jobert Gaigher)

 

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