Luiz Schiavon – o tecladista do RPM


IMG_0246Depois de 30 anos do maior sucesso do pop rock nacional, Luiz Schiavon analisa o fenômeno e fala sobre sintetizadores, equipamentos e produção

Pianista de formação, roqueiro por afinidade e pop por natureza. Assim já foi descrito o músico Luiz Schiavon que, durante a década de 1980, foi responsável pelos teclados da banda de pop rock de maior sucesso da história da música brasileira. Depois de atingir o auge da fama, recolher-se como compositor de jingles publicitários, dedicar-se à criação de trilhas sonoras, liderar a banda de um programa dominical – sempre acompanhado de sintetizadores – Schiavon retoma as atividades do RPM e percorre o País com o grupo.

Em entrevista recente à revista Teclas & Afins, Schiavon falou sobre sintetizadores, produção musical e, obviamente, o RPM.

Como iniciou nos sintetizadores?

Luiz Schiavon: Venho de escola erudita. Com 4 anos de idade, comecei a estudar com professora particular e, aos 5, estava no Conservatório. Ali pelos 15, comecei a me apaixonar pelo rock, mas nunca tinha pensado em tocar profissionalmente. Era um estudo paralelo, aquela coisa “instrumento, inglês e natação”, pacote básico da classe média baixa dos anos 70. Com essa aproximação e esse interesse pelo rock, passei a gostar principalmente do progressivo, porque tinha muitos elementos de música clássica e soava familiar para mim. Comecei a pesquisar como os caras faziam aquilo que parecia uma orquestra de cordas. Mas, na época, ter um sintetizador era muito difícil. Fui procurar e ver preço. Um Minimoog custava 6 mil dólares. Um Elka, que era mais simples, pois fazia só cordas e coisas assim, custava 2 ou 3 mil dólares. E era difícil de importar, era só muamba. Horrível! Aí me inscrevi na escola Electone da Yamaha, na Avenida Rebouças. Pensei: não há como ter acesso a teclado, então vou estudar órgão. Apesar de que também não tinha dinheiro para comprar o órgão (risos), mas podia ficar brincando lá. Comprava umas partituras de jazz, tinha professor. Na época, receberam um órgão EX-1 da Yamaha, que tem no vídeo do Emerson Lake & Palmer, com três teclados. O de cima era um sintetizador. Como eu tocava bem, era acima da média, eles deixavam eu fuçar naquilo. Aí me apaixonei por synth. Esse foi o primeiro contato. Depois, consegui comprar um teclado italiano chamado Davolisint, muito ruim. Não afinava nem por decreto (risos). Mas fazia uma flautinha, algo básico. Tinha um chaveamento parecido com o de órgão, 8, 4, 2, enfim. Fazia tíbia e flauta, mas o som era de synth. Era monofônico, low priority. Dava pra brincar legal. E comprei um órgão Saema. Então estava armado: tinha um órgão e um synth. Comecei a fazer cover do Deep Purple, que era minha paixão. Usava um amplificador Palmer e saturava até o talo. Comprei um pedalzinho Phaser para fingir que era Leslie. E tava bom. Peguei um carrinho que meu pai comprou com um baita sacrifício, usei um mês, fiz uma viagem pra Ubatuba e vendi. Depois, já trabalhando como estagiário da CET, consegui encontrar um synth da Korg, de duas oitavas e meia, presetado (Korg Micro- Preset M500). Dois synths e um órgão: estou bem! (risos) Aí dava para brincar, realmente. Ele era monofônico, de um oscilador só, mas os presets eram bonzinhos. Com um pedalzinho de eco, enganava a turma. Eu ficava sempre atrás de partituras, músicas, coisas eletrônicas e era amigo do pessoal do grupo Dimensão 5. E foi aí que consegui pela primeira vez comprar um teclado de verdade, porque o Korg era muito limitado. Comprei um MS-20 e, do Lucas Shirahata, um sequenciador analógico SQ-10. Ele tinha uma boa bateria eletrônica na época, uma TR-808. Então, com dois sequenciadores, um teclado decente, um monofônico SH- 09 que ele tinha, estávamos armados. Um sequencer fazia baixo, um sintetizador ficava fazendo os “tec-tec”… Compramos um Juno- 6, que não tinha memória. Ficamos amigos e pegávamos partituras do Tangerine Dream, Jean Michel Jarre. Nossa brincadeira era ficar programando synth e tocar. (Para ler a matéria completa, acesse www.teclaseafins.com.br)

Em um vídeo especial produzido pela Teclacenter, o músico conta um pouco de sua história, dá dicas preciosas de como utilizar timbres para as canções da banda e apresenta alguns pianos digitais.

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